Pesquisa com coletivos da Espanha

As entrevistas abaixo são fruto de uma viagem feita pela pesquisadora da i-Motirõ, Tadzia Maya, em coletivos espanhóis em Novembro de 2010. A intenção era conhecer, interagir, entender e trocar experiências, dúvidas, aflições e, sobretudo, energia para as re-construções que andamos querendo fazer por aí. A i-Motirõ financiou parte da viagem.

 

ZEMOS98 – GESTAO CRIATIVA CULTURAL

SEVILLA – ESPANHA

 

http://www.zemos98.org/

Como surgiu o coletivo?

Surgiu em um povoado (pueblo) como um festival de grupos de música, vj’s e vídeos, a partir de coletivos que queriam mostrar seus trabalhos. Faziam-se convocatórias pela internet e não parava de chegar material, também para artes plásticas, literatura etc.

Em 2004, esse festival começa a ser realizado em Sevilla por falta de apoio político no pueblo. Neste momento o festival também começou a usar uma temática e a fazer pesquisas.

Qual o foco do festival?

A cultura audiovisual e a cultura digital dentro de processos de ensino e aprendizagem.

Como é financiado?

Até 2004 o festival era realizado com recursos humanos gratuitos e aí foi montada uma empresa de gestão cultural com 5 pessoas de sócios, apesar do coletivo somar mais gente,

E essa empresa faz quais serviços para se manter?

Páginas web, protótipos (?), projetos culturais, publicação de livros, oficinas e conferências por exemplo. Fazemos consultorias também.

O pessoal envolvido tem qual perfil?

Em alguns âmbitos nos chamam de educadores, em outros de ativistas ou jovens empreendedores, às vezes de artistas com estratégias em comunicação…

Como foi o início da empresa?

Usávamos computadores dos nossos pais… Não é a solução final ser uma empresa, somos empresa porque foi o que nos permitiu ser o que somos. Mas nós além de ser empresa somos também uma associação cultural e vamos manejando as duas.

Como são os cargos?

Não há cargos, estão nesse momento dedicando muito tempo pensando sobre este horário, estrutura e flexibilidade. Hoje trabalham 8h por dia. É difícil unir a disciplina necessária para a Infraestrutura com os preceitos da economia criativa.

Como fica a remuneração?

Ganhamos todos iguais, em torno de 1mil euros. No festival contratamos entre 20 a 30 pessoas e pagamos pois não aceitamos o voluntariado, pois acreditamos que é uma forma de precarizar o trabalho.

Como é a estrutura?

É por células. A que engloba todas é a célula estratégica que se reúne periodicamente, mais ou menos de 2 em 2 semanas com ata. Há a célula de comunicação onde se pensa também a comunicação interna, onde temos um wiki e uma página web externa. Todos usam o wiki mas têm um moderador e agora usamos o media wiki com um livro de estilo, onde se pode consultar se o que você quer incluir é um novo projeto, uma nova página, se é só um texto. Usamos também o google docs por ser em tempo real. Ainda temos a célula audiovisual e a célula educação. Há uma pessoa responsável por cada uma, mas elas não são estanques, todos compartilham todas.

O primeiro mesmo e mais importante de tudo é a comunicação interna

Qual o desafio hoje?

Um deles é redigir nosso estatuto interno, que estamos fazendo, com regras para nós mesmos. O mais importante é estar sobre um papel o que faz cada um pois o “eu pensava”, “você disse”, “eu entendi assim” que fazem as confusões no coletivo. É muito bom ter um contrato para cada membro para ter onde recorrer, onde lembrar o que foi acordado, saber quais pontos competem a cada um. Cada um é responsável por uma coisa e co-responsável por todos, isso é autogestão, mas todos fazerem tudo não está certo. Gosto muito da frase “mandar obedecendo” que é um dito zapatista, pois a hierarquia não implica que um mande no outro, é horizontal.

Como é a tomada de decisões?

Por consenso. Cada sócio tem autoridade moral em um tema. Antes todas as decisões nós dizíamos que eram grandes, então até decidir a empresa de limpeza do festival chamávamos reunião geral. Agora não mais, pois foi necessário para acabar com reuniões eternas. No entanto, quando há um posicionamento político chama-se a reunião geral.

Há também o paradoxo do coletivo pois cada pessoa é em si mesma o coletivo.

Como se dá a entrada de novos membros?

É difícil… Quem entra deve fazer um esforço de complexidade. Tem uma pessoa que tutoriza a pessoa que entra e esse tutor depende de em qual célula a pessoa entrou e ensina a ela as ferramentas básicas do grupo. Tem muita gente querendo sempre entrar no Zemos, mas estamos sempre contratando fotógrafos, motoristas, músicos….

Não há um protocolo de acesso. Na verdade não sabemos a diferença entre quem são os sócios e quem não é. Acredito que os sócios têm mais trabalho, mais responsabilidades, assinar papéis, crédito bancário…. Seriam o núcleo, aqueles que não se vão. Precisamos até resolver isso porque não sabemos a diferença…

O que é o Zemos98 afinal?

Somos um laboratório, inventando um modelo, que pode se equivocar e por isso é preciso ter confiança entre os membros.

 

 

CASA INVISIBLE http://www.lainvisible.net/

 

MÁLAGA – ESPANHA

O que é a Casa Invisible?

É uma aglomeração de coletivos, como direitos dos imigrantes, grupo de mulheres, software livre etc.

Como são os espaços de decisão?

Temos uma assembleia, a assembleia de gestão, onde contamos com frequência a presença de 15 pessoas mais ou menos e pensamos em fazer uma outra assembleia mais informativa pra quem não está na gestão mas acompanha o projeto. Porém, isso gastaria muito tempo. Criamos então a área de acolhida onde há responsáveis por acolher pessoas que sempre estão chegando, se interessando, têm dúvidas…

Como é a tomada de decisão?

Por consenso, se não há consenso, esperamos até conseguir. No momento estamos pensando em metodologias de assembleia. De uma para a outra, escolhemos o moderador, que vai convocar a ordem do dia (pautas). Há uma certa informalidade em quem vai desempenhar essas funções, o que às vezes funciona e outras não têm funcionado…

E a comunicação do grupo?

Temos duas listas, uma com a gestão e outra que é o fórum com todos os participantes, colaboradores etc.

A estrutura do coletivo como é?

Eu coordeno o grupo de atividades e por isso sou o único que hoje ganha um salário de 500 euros e mais metade da minha conta de celular. São as atividades no espaço, bilheteria, venda de bebida e comida que pagam esse salário.

Mas neste momento o grupo de comunicação e de acolhida estão um pouco mortos e já vamos para a terceira reforma no grupo de economia.

Reforma para o quê?

Pensamos que cada pessoa de cada coletivo que frequenta a casa poderia dar 1 euro por mês, que seria o bônus de ajuda e também introduzir mais cooperativas, pois hoje a teteria (venda de chás, bebidas) funciona assim. Eles se autogestionam e dão 10% para a casa.

 

MEDIALAB PRADO – MADRID

http://medialab-prado.es/

 

  1. ¿Qué es Medialab-Prado?

Medialab-Prado, un programa del Área de Las Artes del Ayuntamiento de Madrid, es un espacio orientado a la producción, investigación y difusión de la cultura digital y del ámbito de confluencia entre arte, ciencia, tecnología y sociedad.

En su espacio se celebran talleres de producción y de formación, seminarios y debates, reuniones de diferentes grupos de trabajo, muestras de proyectos, conciertos, etc. Todas las actividades son gratuitas y abiertas a todos los públicos.

El principal objetivo es crear una estructura en la que tanto la investigación como la producción sean procesos permeables a la participación de los usuarios. Para ello ofrece:

  • Un espacio permanente de información, recepción y encuentro atendido por mediadores culturales.

  • Convocatorias abiertas para la presentación de propuestas y la participación en el desarrollo colaborativo de proyectos.

La programación se estructura en líneas estables de trabajo. Hasta el momento se han puesto en marcha las siguientes:

  • Interactivos?: usos creativos de la electrónica y la programación

  • Inclusiva.net: investigación y reflexión en torno a la cultura de redes

  • Visualizar: estrategias y herramientas de visualización de información

  • Laboratorio del Procomún: discusión transdisciplinar sobre los bienes comunes

  • AVLAB: creación sonora y audiovisual

  • Fachada digital: una plataforma de trabajo y experimentación dedicada a la fachada digital de Medialab-Prado.

La mayor parte de las actividades se registran en vídeo y posteriormente se pueden consultar y descagar en esta web.

  1. ¿Cómo surgió?

En el año 2000 Juan Carrete, director entonces del Centro Cultural Conde Duque, propone la creación en este centro de un taller de arte digital. Tras la celebración de varias actividades dentro de este taller, en 2002 se pone en marcha MediaLabMadrid, que durante cuatro años desarrolla un programa de actividades con talleres, proyectos de investigación y una serie de eventos expositivos de arte digital. Desde septiembre de 2006, tras cambios en la estructura y el equipo, se inicia una nueva etapa más orientada a la producción y la formación. En septiembre de 2007 se traslada a la Plaza de las Letras, en los bajos de la Antigua Serrería Belga, ahora en rehabilitación y futura sede definitiva. Desde entonces pasa a denominarse Medialab-Prado, en alusión a su nueva ubicación junto al Paseo del Prado.

  1. ¿Cómo está financiado?

Medialab-Prado es un programa del Área de Las Artes del Ayuntamiento de Madrid, por lo que su finaciación es pública. Los salarios del personal y las activades salen del presupuesto total destinado. En nuestra web se pueden consultar los presupuestos destinados a las actividades.

En algunas ocasiones nos conceden ayudas procedentes de otros organismos públicos como la AECID (Agencia Española de Cooperación Internacional para el Desarrollo), FECYT (Fundación Española para la Ciencia y la tecnología) o EOI (Escuela de organización de negocios del Ministerio de Educación e Industria), entre otros.

  1. ¿Cuál es su estructura y cómo está organizado?

Medialab-Prado cuenta con un equipo de 13 personas permanentes en el espacio, de las cuales 10 personas están contratadas por Madrid Arte y Cultura S.A. (MACSA) a tiempo completo, y 3 personas son mediadores culturales con un contrato en prácticas a tiempo parcial a través de la universidad Carlos III de Madrid.

Los mediadores culturales son personas que trabajan como dinamizadores del espacio de Medialab-Prado. Orientan a público y usuarios, facilitan el contacto entre personas y proyectos vinculados al medialab, investigan, documentan y ponen a disposición de los usuarios información acerca de las diferentes líneas de trabajo y actividades en curso.

El organigrama actúal que aparece en nuestra web es el siguiente:

Equipo

· Dirección: Juan Carrete

· Coordinación general. Adjunto a dirección: José Miguel Medrano

· Programación cultural: Laura Fernández y Marcos García

· Realización de proyectos: Mónica Cachafeiro, Sonia Díez Thale y Patricia Domínguez Larrondo

· Comunicación / difusión: Nerea García Garmendia

· Audiovisual: Raúl González

· Coordinación técnica: Daniel Pietrosemoli

· Administración de sistemas informáticos: Gabriel Lucas

· Mediación cultural (prácticas UC3M): Sibley Labandeira, Jara Rocha y Daniel Santiago

  1. ¿Cómo es la toma de decisiones?

Las decisiones son tomadas en grupo tras reuniones generales.

En el caso de la decisión de los proyectos que van a ser desarrollados en el espacio, es el personal de Medialab-Prado, junto con los profesores y expertos del taller, quienes realizan esta elección

  1. ¿Cuáles son las herramientas utilizadas para organizarse Medialab-Prado?

Para la comunicación interna solemos utilizar el correo electrónico de Medialab-Prado, una wiki interna y las reuniones generales celebradas una vez a la semana.

  1. ¿Cuál es el desafío actual?

En estos momentos nuestro mayor desafío es el cambio al nuevo edificio contiguo, ahora en construcción, la antigua Serrería Belga.

Este traslado supone un cambio de dimensiones y con una mayor visibilidad. Para pensar cómo gestionar este cambio, Medialab-Prado ha puesto en marcha una actividad desde mayo de 2010 denominada Pensando y Haciendo Medialab-Prado, esto es: un espacio de reflexión y análisis sobre sus prácticas y modos de hacer, su contexto, públicos y usuarios, que nos ayude a proyectar el futuro a través de un proceso dialogado que recoja múltiples aportaciones y puntos de vista; un proceso inclusivo en el que tomen parte personas que han contribuido de manera esencial a configurar el proyecto, entre los que se encuentran colaboradores habituales y usuarios. Y que a su vez incorpore una mirada desde fuera y esté abierto a la participación de cualquier persona interesada en aportar ideas o en escuchar los debates.

Paralelamente al programa de cuatro sesiones presenciales, se inició un proceso de recogida de información enviando a colaboradores y usuarios habituales unas preguntas con la idea de que sirvan de guía para que cada uno nos envíe su aproximación acerca de lo que es y lo que podría ser el medialab.

 

 

 

 

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