Laboratório de Cartografias Insurgentes

O Laboratório de Cartografias Insurgentes foi um encontro para a produção de mapas políticos realizado em 2011 que reuniu movimentos contra as remoções e despejos que vinham acontecendo na cidade do Rio de Janeiro. Tais remoções e despejos ocorreram na esteira da “reorganização” da cidade visando os mega-eventos que acontecem entre 2014 e 2016, e a emergência de uma nova forma de governança global das cidades.

No Laboratório de Cartografias Insurgentes militantes, pesquisadores, ativistas, comunicadores artistas e movimentos sociais se reuniram para imaginar e produzir mapas políticos, críticos e afetivos ligados às práticas produtivas, à resistência e à ocupação por direito à moradia no espaço metropolitano. O ocultamento das ações violentas e autoritárias na construção dos megaeventos esportivos como Copa do Mundo e Olimpíadas precisava ser trazido à tona. O encontro abordava essa questão que era de extrema urgência para toda a população do Rio de Janeiro. A “cidade dos megaeventos” vinha sendo implementada sem nenhuma participação daqueles diretamente afetados pelas mudanças (sejam eles moradores das comunidades e bairros, produtores culturais e movimentos sociais).

No laboratório, tomamos nas mãos o recurso da criação de mapas e a realização de cartografias junto aos movimentos de moradia urbana e das favelas para melhor contextualizar os conflitos territoriais, também como mais uma forma de resistência ao projeto dos megaeventos.

O encontro funcionou como espaço de escuta, aprendizagens, articulação política, experimentações e debates que tratam das reconfigurações da cidade e das dinâmicas de resistência que a constituem, articulando-se como um laboratório em rede (Rio de Janeiro – Amazônia – América Latina) com participação de companheiros da Colômbia, Argentina, Espanha entre outros lugares.

Entendida como uma tática criativa de formações do desejo no campo social, a prática cartográfica nos remete a perspectivas, territórios, teorias e práticas e articula política, estética e cultura. A potência do espetáculo atual que governa o mundo e os sonhos criados para escapar de seu reinado, pode ser anulado se usamos um método que consiste em tomar as ferramentas dos opressores para montar uma outra coisa – de forma a combatê-lo. A organização de um novo significado que confira um sentido vivo a cada elemento faz parte da prática artística que ao utilizar diferentes mídias transforma o próprio desejo humano.

O encontro aconteceu entre 11 a 18 de setembro de 2011, quando estivemos reunidos na casa IP do morro da Conceição em duas etapas:

  • De 11 a 16: Pré-lab: oficinas, passeios, eventos de cunho prático.
  • Dias 17 e 18: Laboratório de cartografias insurgentes.

Das Microguerras aos Megaeventos : Colonialismo 2.0 – Por Novos mapas
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